Afrescos de Giotto

As cores verdadeiras de Giotto brilharam hoje quando uma série de frescos, considerados como a obra máxima do mestre medieval, foram revelados depois de oito meses de complicada restauração. Céus azuis e brilhantes, halos de ouro cintilante e o traço escuro de lágrimas maternais vieram à tona depois que camadas de sujidade foram removidas das paredes da Capela Scrovegni, em Pádua, norte de Itália. "Esta restauração traz Giotto de volta a nossas vidas", disse o ministro "júnior" da Cultura, Vittorio Sgarbi, na cerimónia de inauguração. "Quando se entra na capela, pode-se sentir a vida e entender as emoções de um grande pensador". Giotto pintou o maravilhoso ciclo de cem cenas bíblicas, incluindo episódios da vida de Jesus e visões do inferno, entre 1303 e 1305, sob encomenda do banqueiro Enrico Scrovegni. A vibrante obra de arte toma cerca de 900 metros quadrados e cobre as paredes e tectos da pequena capela. As expressões faciais detalhadas e o uso experimental de textura e cor, criados para dar a ilusão de uma profundidade impressionante, colocam os frescos de Giotto um passo adiante das obras bidimensionais que vieram antes. A restauração de 1,9 milhões de euros durou apenas oito meses. Os estudos científicos para realizá-la, porém, consumiram 20 anos de especialistas. Isso não impediu as críticas de alguns grupos de arte, como Art Watch, que considera a intervenção desnecessária. "A restauração foi correcta", foi a resposta de Sgarbi na segunda-feira. "Sem ela, nada restaria dos frescos em dez anos." Os piores inimigos das pinturas agora ficarão do lado de fora da capela: foi instalada uma câmara que retira a poluição dos visitantes antes que entrem, além de regular a temperatura e a humidade. O local abre para visitas em 25 de Março.